Criança palestina atingida por bombardeio na Faixa de Gaza - Foto: Arafat Barbakh / Reuters

O diretor do escritório em Nova York do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Craig Mokhiber, pediu demissão pelo que chamou de “genocídio” cometido por Israel na Faixa de Gaza. Em uma carta datada de sábado, 28, e endereçada ao alto comissário da ONU em Genebra, Volker Turk, ele escreveu que a entidade parecia “impotente” em deter os crimes de guerra contra os palestinos, depois de “décadas de perseguição e purga sistemática”.

“Mais uma vez estamos vendo um genocídio se desenrolando diante de nossos olhos e a organização que servimos parece impotente para detê-lo”, escreveu.

No texto, Mokhiber cita a inação da ONU diante dos massacres dos tutsis, em Ruanda; dos muçulmanos, na Bósnia; dos yazidis, no Curdistão iraquiano; e dos rohingya, em Mianmar. Em seguida, ele alerta que a organização está “falhando novamente” e que os últimos incidentes não deixam “espaço para dúvidas”.

Além disso, o agora ex-diretor acusa Estados Unidos, Reino Unido e grande parte dos países europeus de se recusarem “a cumprir as suas obrigações do tratado” sob as Convenções de Genebra e de possibilitarem os bombardeios pela ajuda a Israel. Mokhiber acrescenta que essas nações estavam fornecendo cobertura política e diplomática para as “atrocidades”.

“Devemos apoiar o estabelecimento de um Estado secular único e democrático em toda a Palestina histórica, com direitos iguais para cristãos, muçulmanos e judeus”, escreveu. “Portanto, o desmantelamento dos colonos profundamente racistas. projeto colonial e o fim do apartheid em todo o país.”

Ele relatou, ainda, que morou no enclave palestino na década de 1990, época em que trabalhava no setor de Direitos Humanos da ONU na região. Mokhiber liderou o trabalho do alto comissário na elaboração de uma abordagem para o desenvolvimento baseada nos Direitos Humanos e atuou como conselheiro sênior na Palestina, no Afeganistão e no Sudão.

Na véspera, o advogado disse na rede social X, antigo Twitter, que os recentes ataques são “produto de décadas de impunidade israelense” e “décadas de desumanização do povo palestino pelos meios de comunicação social corporativos ocidentais”. Em outra publicação, ele reforçou que a imprensa “viola as leis de direitos humanos com propaganda de guerra e defesa do ódio nacional, racial ou religioso”, sendo necessária uma “prestação de contas” assim que o conflito chegar ao fim.

*Com informações de Veja