Após uma decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o álcool líquido 70% deixará de ser comercializado no território brasileiro a partir do dia 30 de abril. Ainda, segundo a agência, o produto é altamente inflamável e já havia sido proibido 22 anos atrás devido ao grande número de acidentes registrados.
A liberação anterior da venda do produto foi realizada durante a pandemia de Covid-19, no entanto, o prazo expirou em dezembro do ano passado. Os estabelecimentos que ainda possuem os produtos em seus estoques precisam esgotá-los até a data onde será iniciada a proibição da venda e compra da versão líquida do álcool 70%.
Terminado este prazo, estará disponível no mercado apenas ao álcool líquido 46%. Já o álcool em gel 70% está autorizado e prosseguirá sendo vendido.
Entenda a decisão
Segundo a agência, o produto é altamente inflamável e já havia sido proibido em 2002 devido ao grande número de acidentes registrados. O médico Álvaro Pulchinelli, diretor técnico na toxicologia forense e médico toxicologista do Grupo Fleury, explica que o álcool 70 na versão líquida é altamente inflamável, o que representa um risco potencial em especial para crianças. Sua proibição visa diminuir esse risco.
No início do mês, ganhou o noticiário o caso de uma criança de dois anos morreu em Santa Clara d’Oeste (SP) ao ter 90% do corpo queimado. Descobriu-se que o acidente ocorreu porque o irmão de cinco anos da vítima jogou álcool na churrasqueira, pensando que era água para tentar apagar o fogo.
“Acidentes com churrasqueira, fogareiros e tudo que se usa álcool e fogo são muito mais associados com álcool em alta concentração. Não é incomum, por exemplo, uma criança jogar esse o álcool em consideração maior no fogo ou expor ao calor e isso criar uma chama que envolve a criança e gera acidentes terríveis. Já o álcool em menor concentração tem uma inflamabilidade muito menor e garante mais segurança ao usuário”, explica Pulchinelli.
Em relação à capacidade de limpeza, Edson Abdala, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Nove de Julho explica que o álcool a 70% é extremamente eficaz para a eliminação da maior parte dos microrganismos, incluindo vírus e bactérias, independentemente da sua apresentação.
“O álcool gel 70% é tão eficiente quanto o líquido, especialmente para a higienização das mãos. Por outro lado, concentrações menores do álcool não garantem a mesma capacidade do ponto de vista de desinfecção”, pontua o especialista.
Já Pulchinelli ressalta que “o álcool sozinho não faz milagre”. É necessário também fazer uma limpeza física com a água e sabão em lugares em que isso é possível.
Ubiracir Lima, do Conselho Federal de Química, lembra, em entrevista à Agência Brasil, que é possível usar outros produtos aprovados pela Anvisa na limpeza da casa no lugar do álcool.
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