Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), consolidou-se como uma das figuras mais influentes da política e do judiciário brasileiro em 2024. Ao longo do ano, as decisões do ministro marcaram pautas importantes – como liberdade em redes sociais na briga com Elon Musk e a recente descoberta de ameaça do caso que indiciou Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado.
Moraes, no último ano, gerou debates acalorados em torno de questões como liberdade de expressão, democracia, segurança pública e direitos fundamentais. Apresentamos, aqui, uma retrospectiva mês a mês de como foi o ano do ministro do STF.
Janeiro: Alexandre de Moraes no caso das fake news
Janeiro de 2024 foi marcado pela continuidade da atuação de Alexandre de Moraes no combate à desinformação e às fake news.
O ministro foi relator de um inquérito sobre a disseminação de notícias falsas e determinou diversas operações contra perfis suspeitos de espalhar fake news, o que impactou diretamente as redes sociais e figuras públicas ligadas a Jair Bolsonaro .
A ação gerou elogios, mas também críticas de pessoas que acreditam que suas decisões representam uma ameaça à liberdade de expressão. Moraes seguiu o ano trilhando essa batalha.
Fevereiro: julgamento de 8 de janeiro e embate com Bolsonaro
Em fevereiro, Alexandre de Moraes se dedicou ao julgamento de réus alinhados à tentativa de golpe de 8 de janeiro. Houve julgamento de dezenas e diversas prisões. O ministro, inclusive, bateu de frente com Bolsonaro, pois queria interrogá-lo, mas o ex-presidente se recusou.
Moraes seguiu a luta contra fake news em redes sociais, culminando em um hack do perfil da Câmara no X (Twitter). O hacker fez um ataque pessoal ao ministro, chamando-o de “ditador”. No mesmo mês, Moraes tinha multado Bolsonaro por publicar noticias falsas sobre o presidente Lula (PT). Naquele mês, ele:
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Multou Bolsonaro
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Apreendeu o passaporte do ex-presidente;
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Insistiu em interrogatório obrigatório para o ex-presidente.
Março: porte de drogas, prisão de Mauro Cid e caso Marielle
Em março, Moraes teve papel central em processos que envolviam figuras proeminentes do cenário político brasileiro. Os ministros começaram a discutir, no STF, sobre descriminalização do porte de drogas, que voltou a ser pautado posteriormente.
Seguindo a investigação de tentativa de golpe , Moraes tirou sigilo de depoimentos, seguiu inquérito e continuou pressionando Bolsonaro. Ele também retirou, nessa época, o sigilo da carteira de vacinação de Bolsonaro, acusada de falsificação, e ameaçou indiciamento no caso. Ele ainda negou devolver o passaporte do ex-presidente.
Moraes determinou, ainda, a prisão de Mauro Cid por descumprimento de cautelares e obstrução de justiça por falar sobre a delação para terceiros.
Em um mês movimentado, Moraes ainda participou da prisão de três suspeitos de envolvimento na morte de Marielle Franco : Domingos Brazão , atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, Chiquinho Brazão , deputado federal do Rio, e Rivaldo Barbosa , ex-chefe da Polícia Civil do Rio.
Abril: início do embate Moraes vs Musk
Em abril, Moraes começou uma novela que marcou o ano: a luta contra Elon Musk e a rede social X, o antigo Twitter.
Ele incluiu Elon Musk entre os investigados do chamado Inquérito das Milícias Digitais (Inq. 4.874), que apura a atuação criminosa de grupos suspeitos de disseminar notícias falsas em redes sociais para influenciar processos políticos. Isso aconteceu depois de Musk pedir impeachment de Moraes.
Ele também decidiu, naquele mês, que os representantes da empresa não estariam isentos de ações legais – o que, inclusive, fez Musk tirar o escritório do país posteriormente. Musk ainda garantiu que não ia obedecer decisões judiciais de suspender perfis que compartilham fake news e discursos de ódio.
Maio: fortalecimento do STF
Em maio, Alexandre de Moraes se posicionou publicamente em defesa da independência do STF frente às pressões externas. Em meio ao crescente cerco a instituições democráticas, o ministro reiterou a importância de um judiciário independente e intransigente na proteção dos direitos fundamentais dos cidadãos. Neste mês, ele:
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Ordenou soltura de Cid e Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro;
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Com outros ministros, votou contra habeas corpus para Bolsonaro em trama golpista;
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Negou recurso de Bolsonaro contra inegilibidade;
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Suspendeu proibição de assistolia fetal;
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Suspendeu proibição de linguagem neutra em escolas;
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Deixou a presidência do TSE.