Cartão para realizar compras dentro do evento da COP30 - Foto: Mayra Farias / Portal da Floresta
Após uma semana de COP30, governos e organizações multilaterais apresentam cifras grandiosas em diversos anúncios relacionados ao financiamento climático, mas os volumes prometidos permanecem muito abaixo das metas definidas por especialistas. A mais ambiciosa delas, delineada no documento oficial intitulado Mapa do Caminho de Baku a Belém, estipula que dentro de dez anos o mundo consiga mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano para combater e mitigar a mudança climática.
Noruega fez a oferta mais expressiva entre os países. Nos dias que antecederam o início da COP30, o país nórdico prometeu contribuir com US$ 3 bilhões em dez anos para o novo TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês), a grande aposta do Brasil como anfitrião da COP. O próprio governo brasileiro já havia anunciado um aporte de US$ 1 bilhão, seguido por outro de igual valor da Indonésia. A França anunciou 500 milhões de euros (US$ 581 milhões) até 2030.
Outras contribuições são praticamente simbólicas. Portugal se comprometeu com 1 milhão de euros, o que equivale a um dia e meio dos rendimentos do seu cidadão mais ilustre, Cristiano Ronaldo — que ganha 240 milhões de euros por ano, segundo estimativa da revista “Forbes”. A Alemanha, por sua vez, prometeu que no futuro fará contribuições ao TFFF, mas não citou valores.
Fundo soma menos de um quarto das contribuições governamentais previstas. O TFFF — um mecanismo que remunera investidores que contribuem para manter florestas de pé — foi concebido para operar com US$ 125 bilhões, sendo um quinto disso (US$ 25 bilhões) em contribuições de governos, e o restante de investidores privados. Antes do início da COP, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) disse que o objetivo era chegar ao final do evento, na próxima sexta-feira, com compromissos de US$ 10 bilhões. Até agora, foram US$ 5,582 bilhões.
US$ 6 bi do BID
Financiamento climático se distribui entre diversas iniciativas. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) pulverizou sua contribuição de US$ 6 bilhões entre pelo menos oito projetos, incluindo US$ 3,4 bilhões em operações de hedge cambial e investimentos privados para o desenvolvimento sustentável, em um acordo fechado com o Banco Central do Brasil.
Focamos em várias iniciativas e instrumentos. Só do que estamos fazendo, deu US$ 6 bilhões. Se cada um fizer os seus US$ 6 bilhões, te garanto que soma bastante
Ilan Goldfajn, presidente do BID
BID reserva US$ 1 bilhão para cidades de países amazônicos. Empréstimos em condições vantajosas ajudarão na adaptação urbana aos efeitos da mudança climática. Outro programa, em convênio com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), prevê crédito de mais US$ 1 bilhão para micro, pequenas e médias empresas que atuam na Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal.
Outro organismo multilateral, o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe), anunciou o primeiro “bônus de resiliência” da região. Com aporte de US$ 100 milhões, esse instrumento financiará infraestrutura resiliente à mudança climática.
COP30 teve também anúncio de 40 milhões de euros para a África. A World Climate Foundation disse que espera atrair outros 100 milhões de euros de investidores para projetos de adaptação e resiliência climática no continente.
Contribuições para o Brasil
Fundo Amazônia recebeu até agora aporte total de cerca de R$ 157 milhões. A UE fez aporte de 20 milhões de euros (cerca de R$ 124 milhões) enquanto a Suíça destinou 5 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 33 milhões). Gerido pelo BNDES, sob coordenação do MMA (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), o Fundo já apoiou 144 projetos, beneficiando mais de 600 organizações comunitárias e cerca de 260 mil pessoas.
Outro destino de doações é o novo Fundo Clima. O BNDES e o GCF (Fundo Verde para o Clima) anunciaram a construção de um instrumento voltado especificamente para alavancar a transição verde no Brasil, com o primeiro aporte de US$ 400 milhões. A expectativa é de que atinja US$ 1 bilhão de investidores comerciais e instituições financeiras de desenvolvimento que incentivem uma inovação industrial mais sustentável.
Financiamento climático no Brasil vem de poucos doadores. Segundo levantamento feito pelo iCS (Insituto Clima e Sociedade), o Brasil recebeu cerca de US$ 208 milhões anuais (R$ 1,1 bilhão) de 2019 a 2023 em doações para projetos de mitigação, sendo que 75% delas vieram de apenas 10 doadores. Segundo estudo, os principais financiadores bilaterais são a IKI (Iniciativa Internacional para o Clima), da Alemanha, e a NICFI (Iniciativa Internacional de Clima e Florestas), da Noruega. Entre os multilaterais, estão o GCF e o GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente), que contribuíram com dezenas de milhões de dólares.
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