Foto: Rodrigo Oliveira / Caixa Econômica Federal

O BC (Banco Central) reduziu de 2,1% para 2% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2025, mostra o Relatório de Política Monetária divulgado hoje pela autoridade monetária. O ajuste é justificado pela expectativa de “continuidade da moderação da atividade econômica no segundo semestre”.

BC piorou a perspectiva de alta do PIB. A atualização reduz para 2% a expectativa de crescimento da economia nacional neste ano. No relatório divulgado em junho, a projeção da autoridade monetária havia subido de 1,9% para 2,1%. Apesar da revisão otimista, o relatório já apontava para a desaceleração econômica.

Revisão é motivada por maiores incertezas. A autoridade monetária entende que a revisão foi necessária devido ao “tarifaço” imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras e os sinais de moderação da atividade econômica já apresentados no terceiro trimestre. “Esses fatores foram parcialmente compensados por prognósticos mais favoráveis para a agropecuária e para a indústria extrativa”, diz o relatório.

Projeção é inferior à estimativa do governo. A Secretaria de Política Econômica, do Ministério da Fazenda, prevê o aumento de 2,5% do PIB neste ano. Ao mesmo tempo, o mercado financeiro projeta um avanço de 2,16% da soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país.

PIB avançou 2,2% no segundo trimestre. A alta na comparação com o mesmo período do ano passado correspondeu ao menor ritmo de crescimento na base de comparação desde 2020. Na ocasião, a economia nacional encolheu 10,1% no primeiro período afetado pelos efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus.

Para 2026, o BC prevê um avanço de 1,5% do PIB. A projeção considera as expectativas de altas moderadas nos componentes da oferta e demanda agregada. Entre os motivadores para a perda de força da economia, o relatório destaca o papel determinante da manutenção da taxa básica de juros em patamares elevados. Atualmente, a taxa Selic é de 15% ao ano, maior nível desde 2006.

“A projeção [para 2026] considera a manutenção da política monetária em campo restritivo, o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso agropecuário observado em 2025.” afirma o Relatório de Política Monetária.

Setores

Projeção para avanço da agropecuária foi a única que aumentou. A estimativa do BC para a expansão do setor neste ano passou de 8% para 9%. A perspectiva otimista considera a melhora das previsões para a safra recorde. Conforme o relatório, a estimativa de crescimento anual da produção de grãos foi atualizada de 13,6% para 16,6% desde a última divulgação.

Atualmente, Galípolo é diretor de Política Monetária do Banco Central – Foto: Agência Senado

Estimativa de crescimento da indústria recua de 1,9% para 1%. A piora reflete um cenário adverso para as atividades relacionadas à indústria de transformação, construção e eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos. Ainda assim, as projeções para a indústria extrativa aumentaram com expressiva elevação da produção de petróleo.

Crescimento previsto para setor de serviços permanece em 1,8%. O BC destaca a redução nas previsões para os serviços de administração pública, saúde e educação. A perda de força inibe a elevação significativa na estimativa para os serviços de intermediação financeira.

As alterações nos segmentos do setor terciário refletem as surpresas observadas nos resultados do segundo trimestre, bem como os primeiros sinais captados pelos indicadores mensais referentes ao terceiro trimestre.

Relatório de Política Monetária

Estimativas de consumo das famílias e do governo também recuam. Enquanto a projeção de crescimento anual dos gastos de pessoas físicas caiu de 2,1% para 1,8%, as perspectivas de gastos do governo caíram de 1,2% para 0,5%.

Inflação

Chance de estouro do teto da meta neste ano sobe para 71%. A edição do Relatório de Política Monetária reduz de 4,9% para 4,8% a estimativa de alta acumulada do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) neste ano. Se confirmada, a variação ficará acima do limite de 4,5% estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o indicador ao final de 2025. “É um pouco da continuidade do que estamos observando”, diz Diogo Guillen, diretor de política monetária do BC.

Entre os fatores que pressionaram a inflação para cima, destacam-se o dinamismo no mercado de trabalho, em contexto de hiato positivo, e o aumento da projeção de energia elétrica residencial, e, como fatores baixistas, destacam-se a redução das expectativas de inflação e a apreciação do real.

Relatório de Política Monetária

Contas de luz aparecem como as recentes vilãs das famílias. O BC reconhece que as tarifas de energia elétrica residencial serão determinantes para a evolução dos preços com a piora do cenário hídrico. O baixo volume dos reservatórios motivou o acionamento da bandeira tarifária vermelha Patamar 2. A determinação eleva o valor das contas em R$ 7,87 a cada 100 kW/h (quilowatt-hora) consumidos.

Perspectivas colocam o IPCA de volta ao intervalo da meta nos próximos anos. As atualizações mostram que o índice oficial de preços deve fechar 2026 em 3,6% e recuar a 3,1% em 2027. As metas para ambos os anos também são de 3%, com a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 1,5% para 4,5%). Segundo o BC, a probabilidade atual de descumprimento dos limites nos próximos dois anos é de, respectivamente, 26% e 17%.

*Com informações de Uol