A 30ª Conferência das Partes (COP30) está marcada para novembro em Belém, capital do Pará. O evento, da Organização das Nações Unidas (ONU), é o maior encontro de líderes globais para discutir e negociar medidas de combate às mudanças climáticas. No entanto, a dois meses da COP30, 68 delegações estrangeiras confirmaram presença, enquanto Belém ainda enfrenta incertezas com obras de infraestrutura inacabadas. Inicialmente, a organização do evento esperava a presença de 196 delegações.
A organização da Conferência das Partes está concentrada na Casa Civil e conta com a presidência de André Corrêa do Lago. O evento tem sido tratado como a grande vitrine do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na questão ambiental, sendo ponto crucial para mostrar o trabalho realizado pela gestão petista na preservação ambiental.
Para a realização do evento, o Brasil precisa garantir a infraestrutura necessária para receber todos os participantes da conferência. Apesar disso, números oficiais demonstram que ainda há pendências a serem resolvidas.
Obras em andamento
A 61 dias para a COP30, há ao menos 17 obras em andamento relacionadas a mobilidade, saneamento e outros projetos de infraestrutura. A maioria estão previstas para serem concluídas entre setembro e outubro deste ano. O balanço foi enviado à reportagem pela organização do evento.
No entanto, há obras que devem ir além da COP e acabar sendo entregues somente em 2026 e 2027. É o caso da ampliação Rua da Marinha, que tem prazo de conclusão previsto para janeiro do ano que vem. A obra prevê a pavimentação, prolongamento e duplicação de 3,5 km da via, aumentando de duas para seis faixas. Atualmente, a conclusão dos trabalhos está em 50%.
Segundo a organização, as obras com prazo estendido não são consideradas essenciais para a realização do evento. Tratam-se de projetos com melhorias permanentes para a cidade e ficarão de legado em Belém.
No caso do Terminal Hidroviário da Tamandaré, a previsão de entrega é outubro de 2027. A obra tem 64% de execução e pretende facilitar o acesso às ilhas e ao Marajó. O projeto contempla a construção de um terminal com píer para quatro embarcações e capacidade para 500 passageiros.
Entre as outras obras relacionadas à COP30, estão reformas da base aérea de Belém, do mercado Ver-o-Peso, do Mercado de São Brás, além da construção da Vila Líderes, que vai acomodar delegações e chefes de Estado. Estas já registram mais de 70% de conclusão e devem ser finalizadas nos próximos meses.
Pará corre contra o tempo
O governo do Pará também corre contra o tempo para entregar mais de 30 obras para a COP30. Entre elas o Parque da Cidade – sede do evento – viadutos, corredores de BRT, além de canais de macrodrenagem. A gestão estadual afirma que todas as obras estão dentro do cronograma, com algumas em fase conclusiva, como a Vila COP30, destinada a hospedar delegações, e o Hangar, que será parte da Blue Zone.
“A expectativa é que Belém receba 50 mil participantes ao longo de duas semanas de COP30. Entre as soluções para hospedagem na capital paraense, o governo do Pará está construindo a Vila COP 30 (Vila Líderes). Com 85% das obras concluídas, o local que fica bem próximo ao Parque da Cidade, terá 405 quartos para receber os delegados e líderes”, destaca o governo paraense.
Delegações internacionais
A organização da COP30 tem enfrentado duras críticas por parte de países em decorrência dos altos custos de acomodações em Belém para a Conferência das Partes. Inclusive, algumas comitivas chegaram a ameaçar esvaziar o evento por causa dos preços elevados, sendo possível encontrar diárias 10 vezes mais caras do que o habitual.
Durante agenda com líderes internacionais, o presidente Lula tem reforçado o convite para participar da COP30. Nesta semana, durante reunião do Brics, o titular do Palácio do Planalto pontuou a importância dos países em desenvolvimento no encontro, em decorrência dos impactos causados pela mudança climática.
“O Brasil convida seus parceiros do BRICS a considerar a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU, que articule diferentes atores, processos e mecanismos que hoje se encontram fragmentados”, disse Lula.
Na ocasião estavam presentes os presidentes da China, Xi Jinping; da África do Sul, Cyril Ramaphosa; da Rússia, Vladimir Putin; o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan; entre outros líderes.
A expectativa do governo federal é que os 196 países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), participem do evento, em algum nível.
Até o momento, as delegações ainda não se manifestaram sobre a participação dos líderes globais. Apesar disso, algumas já indicaram que irão enviar delegações para marcarem presença nas discussões.