O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escolheu uma gravata um tanto diferente para usar no terceiro dia de julgamento da trama golpista, que julga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes. O artigo é de seda rosa com estampa de cachorrinhos.
O acessório é da grife italiana Salvatore Ferragamo, e é descrita pela marca como uma gravata que traz um toque de “charme e expressão pessoal para dar personalidade” aos trajes de trabalho. O padrão geométrico da peça “transmite energia e descontração”, segundo a descrição do produto no site da grife.
A gravata é vendida diretamente no site da marca de luxo, e está disponível nas cores azul e amarela por US$ 240, cerca de R$ 1.300. Já em sites brasileiros, ela é vendida por R$ 1.450, e também está disponível na cor verde escuro.

Moraes vota hoje sobre a tentativa de golpe de Estado que culminou nos ataques de 8 de janeiro e aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o líder das ações golpistas, para tentar se manter no poder após ser derrotado nas eleições de 2022.
O ministro ainda ironizou a menção a ele mesmo, e outros ministros, feita por Bolsonaro durante a reunião ministerial de 2022, usada como prova da tentativa de golpe.
Moraes leu uma citação feita por Bolsonaro aos ministros na ocasião: “Este cidadão que está aqui é um marxista, advogado do MST” e acrescentou: “Não sou eu, ministro Flávio [Dino], a referência aqui é ao ministro [Edson] Fachin”.
Ele ainda ironizou a impressão do plano Punhal Verde e Amarelo, um planejamento com o objetivo de assassinar Lula, Alckmin e ele mesmo. O ministro afirmou que não seria possível que o plano não tivesse sido discutido com Bolsonaro, como afirmaram as defesas, e que as folhas não teriam virado “barquinho de papel”.
O julgamento
Os ministros do STF, Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin irão votar contra ou a favor da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados nos próximos dias. Nesta terça-feira, 9, acontece o terceiro dia de julgamento. As sessões continuam nos dias 10, 11 e 12 de setembro.
São réus no processo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto; ex-ajudante de ordens Mauro Cid; almirante de esquadra que comandou a Marinha, Almir Garnier; ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno; o general e ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira; e o deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Em relatório final, emitido em julho, a Procuradoria-Geral da República pediu a condenação dos réus (com exceção de Ramagem) pelos crimes:
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Organização criminosa armada – pena de 3 a 8 anos de prisão, podendo chegar a 17 anos se houver uso de arma de fogo ou participação de funcionário público;
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Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito – pena de 4 a 8 anos de prisão;
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Golpe de Estado – pena de 4 a 12 anos de prisão;
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Dano qualificado pela violência ou grave ameaça – pena de seis meses a 3 anos de prisão;
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Deterioração de patrimônio tombado – pena de 1 a 3 anos de prisão.
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As penas máximas somadas podem chegar a 43 anos.