Projeto Gosto da Amazônia leva chefs de cozinha do Rio de Janeiro até a Terra Indígena Paumari, no sul do Amazonas, para conhecer o manejo do pirarucu e seus impactos econômicos, sociais e ambientais na região - Foto: Marizilda Cruppe

De 1º a 5 de setembro, Brasília (DF) sediará a segunda edição da Semana da Sociobiodiversidade, uma grande mobilização nacional que reunirá mais de 300 lideranças, juventudes, coletivos e organizações extrativistas que atuam nos segmentos socioprodutivos da borracha, pirarucu, castanha-da-Amazônia e pesca artesanal em Reservas Extrativistas Marinhas e Costeiras.

A partir do tema “Fortalecendo Economias Sustentáveis, Pessoas, Culturas e Gerações”, o objetivo é ampliar o debate e formular propostas que fortaleçam as economias da sociobiodiversidade, valorizando territórios tradicionais e modos de vida sustentáveis.

A Semana da Sociobiodiversidade é uma iniciativa coordenada pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (CONFREM), com o apoio de diversas organizações que visam ampliar o debate e apresentar propostas para fortalecer as economias da sociobiodiversidade.

O evento será realizado no hotel fazenda Pousada do Angicos, localizado no Núcleo Rural Alexandre Gusmão — região de Brazlândia. A expectativa é que mais de 300 pessoas, incluindo lideranças de coletivos socioprodutivos da Amazônia e Reservas Extrativistas Marinhas e Costeiras, juventudes de povos e comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e ribeirinhas, além de organizações socioambientais parceiras, instituições governamentais e representantes do poder público.

Dione Torquato, secretário-executivo do CNS, reitera que o objetivo é debater a importância das economias da sociobiodiversidade e formular soluções que valorizem os territórios tradicionais e os modos de vida sustentáveis.

“É um momento para dialogarmos com o Governo Federal — nos âmbitos do Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso só será possível se tivermos em mente a importância dos conhecimentos tradicionais e da floresta em pé para nós, populações extrativistas. A agenda de encontros é toda pensada para mostrar a interdependência necessária entre conservação dos ecossistemas, equidade social, responsabilidade ambiental e o desenvolvimento econômico justo”, destaca Dione.

Programação

Ao longo de sete dias, a programação do evento será estruturada em três blocos principais, abordando os temas: gestão e governança territorial; mudanças climáticas e impactos nas economias da sociobiodiversidade; estratégias para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) e fortalecimento das organizações; intercâmbio intergeracional e protagonismo das juventudes; políticas públicas e instrumentos econômicos; e comércio justo e relações éticas com o setor privado.

Os participantes da Semana da Sociobiodiversidade também estarão na sessão solene em homenagem ao Dia da Amazônia, realizada anualmente no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, respectivamente. Além disso, haverá a manifestação pré-COP30 “A Resposta Somos Nós”, na Praça dos Três Poderes.

Foto: Divulgação / CNS

“Nosso objetivo é fortalecer as organizações extrativistas, discutir os impactos das mudanças climáticas, preparar nossa participação na COP30 e valorizar a sociobiodiversidade em todas as suas dimensões para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, da zona costeira marinha e demais biomas brasileiros. Também teremos momentos para impulsionar o protagonismo das juventudes, incentivar o comércio justo e construir caminhos para políticas públicas que garantam uma economia sustentável em nossos territórios e maretórios. É uma agenda construída coletivamente, que reafirma a importância de manter a floresta em pé, os oceanos e a zona costeira marinha saudável, conservada, para atual e futura gerações, respeitando as diversidades e os modos de vida tradicionais”, comenta José Alberto de Lima Ribeiro, vice-coordenador do CONFREM.

Feira da Sociobiodiversidade

Outro momento importante será a Feira da Sociobiodiversidade, com a venda de produtos oriundos de territórios extrativistas, com o objetivo de reforçar a importância da floresta em pé e os benefícios que ela traz para a segurança alimentar, a saúde, a cultura e o sustento financeiro dos povos tradicionais. Castanha-da-Amazônia, pirarucu, frutas, óleos essenciais, artesanatos de madeira, sementes e itens de moda sustentável estarão em exposição na feira. A entrada é livre para todos os públicos.

Resultados

Ao final do encontro, os participantes vão lançar a “Carta da Semana da Sociobiodiversidade 2025”, um manifesto reivindicativo para o desenvolvimento sustentável brasileiro em equilíbrio com as necessidades socioambientais.

Outros dois documentos que serão apresentados são a “Carta da Juventude: Rumo à COP30”, que será apresentada a líderes regionais, nacionais e internacionais durante o evento, e a “Carta da CONFREM Brasil: pré-COP dos Oceanos”. A expectativa também inclui o lançamento do programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) Comunidades, uma reivindicação das populações extrativistas.

Realização

A segunda edição da Semana da Sociobiodiversidade é uma iniciativa coordenada pelo Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (CONFREM), com apoio do Memorial Chico Mendes (MCM), Observatório das Economias da Sociobiodiversidade (ÓSocioBio), Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA), Operação Amazônia Nativa (OPAN), Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), World Wildlife Fund Brasil (WWF), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto Socioambiental (ISA), Coletivo do Pirarucu, Coletivo da Castanha, Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc), Fundação Moore, Instituto Juruá, Gosto da Amazônia, Wildlife Conservation Society (WCS), Aliança Águas Amazônidas, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA), Rainforest, Conexsus, Michelin Brasil, Amazon Investor Coalition, GIZ Brasil, Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, entre outros.