Bonés do movimento "Faça a América Grande Novamente" são queimados (Foto: X / Reprodução)
O Wall Street Journal anunciou nesta semana, que se defenderá “vigorosamente” após o processo por difamação apresentado pelo presidente americano Donald Trump pela publicação de um artigo sobre uma carta que ele teria escrito ao financista Jeffrey Epstein, acusado de crimes sexuais.
“Temos plena confiança no rigor e na precisão de nosso trabalho jornalístico e nos defenderemos vigorosamente contra qualquer ação”, disse um porta-voz do Dow Jones, o grupo proprietário do jornal americano, que faz parte do conglomerado de mídia do magnata Rupert Murdoch.
Entenda o caso
Jeffrey Epstein foi encontrado morto em sua cela, no Centro Correcional Metropolitano de Nova York, em 10 de agosto de 2019. Quase seis anos depois, o fantasma do financista americano acusado de pedofilia e de tráfico sexual de menores e adolescentes assombra o presidente americano. Em 5 de junho passado, Elon Musk — dono da Tesla, do SpaceX e da rede social X e ex-chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) — rompeu com Donald Trump e causou furor com uma postagem em sua plataforma. “Hora de soltar a verdadeira grande bomba: (Trump) está nos arquivos Epstein”, escreveu. No fim da tarde de ontem, depois de um pedido do titular da Casa Branca, o Departamento de Justiça solicitou ao tribunal a publicação de parte dos documentos sobre o caso Epstein, “os depoimentos relevantes”.
Na véspera, o jornal The Wall Street Journal tinha colocado mais lenha na fogueira, ao publicar uma carta lasciva supostamente enviada ao financista pelo republicano, então magnata do setor imobiliário, em alusão ao 50º aniversário de Epstein, em 2003. Trump qualificou rapidamente o artigo que acompanha o teor da carta como “falso, malicioso e difamatório”. Trump processou o jornal, dois jornalistas do veículo e o magnata da mídia conservador Rupert Murdoch, dono do WSJ e da emissora Fox News, pela divulgação. “Eu estou ansioso em ter Rupert Murdoch depondo em meu processo contra ele e seu jornal ‘pilha de lixo’, o WSJ. Será uma experiência interessante”, escreveu o presidente em sua plataforma Truth Social.
“Estúpidos”
Seguidores do “Faça a América Grande Novamente” (MAGA, pela sigla em inglês) inundaram as redes sociais com fotos e vídeos da queima de bonés vermelhos, símbolos do movimento. Nos últimos anos, cobravam a divulgação de uma suposta lista secreta de clientes de Epstein. Irritado, Trump chamou os próprios simpatizantes de “estúpidos”. Na suposta carta do atual presidente dos Estados Unidos para o financista, as linhas de texto datilografadas esboçam as curvas de uma mulher nua. A assinatura “Donald” foi colocada no lugar dos pelos pubianos. “Feliz aniversário e que cada dia seja outro maravilhoso segredo”, teria escrito Trump na mensagem.
Em entrevista ao Correio Braziliense, Matthew Dallek, professor da Faculdade de Gerenciamento Político da Universidade George Washington (em Washington), explicou que o maior risco enfrentado por Trump é que uma parte de sua base eleitoral conclua que ele não cumpriu a promessa de descobrir a verdadeira história por trás do escândalo de Epstein. “Eles podem acreditar que o presidente quebrou com a palavra dada aos apoiadores mais fervorosos”, admitiu. Para o estudioso, Trump faz “o que costuma fazer”, ao usar a grande mídia como “contraste”. “Ele transforma o WSJ em inimigo para mobilizar os apoiadores. Se o jornal está publicando reportagens negativas sobre o Trump, ele vira a mesa e culpa as ‘notícias falsas’ por instigar escândalos falsos, a fim de destruí-lo”, comentou Dallek, ao reconhecer que o republicano é muito habilidoso em executar essa velha jogada política.
Sexo, crimes e poder
Jeffrey Epstein, um rico investidor americano, foi acusado pela primeira vez em 2006, depois que os pais de uma adolescente de 14 anos informaram à polícia que ele havia agredido sexualmente sua filha em sua residência na Flórida. Na época, ele evitou acusações federais, que poderiam ter lhe rendido prisão perpétua, graças a um acordo judicial polêmico com os promotores. Ao todo, ele cumpriu menos de 13 meses de detenção. Em julho de 2019, foi novamente preso em Nova York, acusado de tráfico sexual de dezenas de adolescentes com as quais teria mantido relações em troca de dinheiro. Epstein se declarou inocente e, no mês seguido, foi encontrado morto na cela. A médica legista apontou enforcamento.
Ligações com celebridades
Um julgamento contra sua ex-companheira, Ghislaine Maxwell, condenada em 2022 por ajudar Epstein a abusar de jovens, expôs os vínculos do investidor com figuras públicas, como o príncipe Andrew, do Reino Unido, e o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton. Ambos negam envolvimento.
Demissão de promotora
Uma promotora federal dos Estados Unidos que trabalhou no caso de Epstein e é filha de um crítico do presidente Donald Trump foi demitida abruptamente. Maurene Comey, filha do ex-diretor do FBI James Comey, foi despedida, na quarta-feira, do cargo de promotora assistente em Manhattan. O Departamento de Justiça (DoJ) não comentou o assunto.
Teorias da conspiração
Simpatizantes de Trump acreditam na existência de uma lista de clientes implicados em crimes sexuais ao lado de Epstein. O governo Trump agora afirma que essa lista nunca existiu. Céticos também desconfiam das circunstâncias da morte do financista, mencionando falhas nas câmeras de vigilância próximas à sua cela na noite de sua morte, além de outras irregularidades.
Trump e o caso Epstein
Donald Trump, que foi próximo de Epstein na época em que era magnata do setor imobiliário em Nova York, como mostram diversos vídeos e fotos, afirmou durante sua última campanha presidencial que, caso retornasse ao poder, não teria “nenhum problema” em divulgar a suposta lista de clientes, embora tenha sugerido duvidar de sua existência. Uma série de documentos divulgados em fevereiro, com o objetivo de esclarecer o caso, trouxe poucas informações novas.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) entrou com um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar possíveis nomeações, em qualquer cargo, de Eduardo...
Um momento de pura fofura está viralizando nas redes sociais. Um vídeo que já ultrapassa 16 milhões de visualizações tem encantado internautas ao mostrar...