Casa Zottis Vinhos e Uvas utiliza várias tecnologias na produção de uvas, incluindo irrigação, plasticultura, variedades BRS e cobertura vegetal do solo - Foto: Divulgação
As oscilações entre estiagem e enchentes têm sido frequentes no Rio Grande do Sul nos últimos anos, ameaçando a agricultura gaúcha. Na produção de uvas e vinhos, pesquisadores estudam soluções para enfrentar esses desafios climáticos.
As práticas adotadas por vinícolas e produtores da Serra Gaúcha buscam garantir resistência a diferentes cenários. Especialistas destacam técnicas que podem minimizar os impactos e que tendem a ganhar mais espaço nos vinhedos nos próximos anos.
Atualmente, cerca de um terço do estado enfrenta deficiência hídrica. No entanto, a redução do volume de chuvas não afetou a Serra Gaúcha, principal região produtora de uvas e vinhos. Enquanto outras áreas do campo sofreram perdas, o Rio Grande do Sul registrou uma safra de uvas excepcional, com alto volume e qualidade. A colheita, inclusive, foi encerrada em 20 de fevereiro, um mês antes do habitual.
A partir de agora, a planta se despe das folhas e se prepara para os rigores do inverno. “Em agosto começa um novo ciclo, com a brotação, o florescimento, o desenvolvimento da fruta e a colheita”, diz Enio Ângelo Todeschini, engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul. A maturação uniforme e a ausência de podridão indicam que a estiagem leve acabou beneficiando a produção.
Novidades
A Embrapa tem focado na instalação de unidades de referência tecnológica dentro de microbacias da Serra Gaúcha para testar ajustes e estratégias. O objetivo é mapear áreas de risco e alinhar soluções com os produtores, incluindo a escolha da vegetação mais adequada para cada tipo de parreiral.
Essas áreas experimentais estarão localizadas junto às propriedades mais impactadas tanto pelo excesso de chuvas, como pela seca, vivenciado no último ciclo, para analisar as melhores soluções em relação aos efeitos climáticos e a preservação do meio ambiente.
Em regiões afetadas pela seca, há estudos sobre a viabilidade de reservatórios. “Nem todo local pode ter um reservatório de água. É preciso avaliar a parte técnica, proteger nascentes e testar espécies de reflorestamento mais adequadas para áreas de encosta, garantindo maior resistência ao deslizamento”, explica Henrique Pessoa dos Santos, pesquisador-chefe adjunto da Embrapa Uva e Vinho.
Os levantamentos feitos também auxiliam na redefinição do uso da paisagem e na formulação de políticas públicas para cultivos de baixo impacto ambiental. “Vamos adotando cultivares que exigem menos pulverização e horas-máquina, promovendo um melhor balanço de carbono. Essas ações podem gerar selos de produção sustentável, agregando valor, fortalecendo o turismo e toda a cadeia produtiva da região”, acrescenta Henrique.
Recomendação
Organização do parreiral e do sistema produtivo. A Embrapa recomenda o uso de cultivares híbridas, que oferecem maior resistência a doenças e menor necessidade de defensivos. “Elas exigem menos tratamento fitossanitário e garantem maior resiliência, mesmo em condições adversas. Já dispomos de material geneticamente adaptado”, destaca. De acordo com o pesquisador, esta é uma tendência global, uma demanda de consumidores que desejam produtos com menos impacto no ambiente. “Elas exigem menos tratamento fitossanitário e garantem maior resiliência na produção, mesmo em condições adversas. Já dispomos de material geneticamente adaptado”, completa.
Iniciativas implementadas com sucesso. O uso de plantas como azevém, aveia e leguminosas nos vinhedos tem ajudado a manter o equilíbrio entre nutrição e proteção. “Isso reduz perdas, melhora a infiltração da água e previne a erosão. Cerca de 30% da vitivinicultura da Serra Gaúcha – cerca de 9 mil hectares – está em áreas inclinadas, as mais afetadas pelo excesso de chuvas em 2024, resultando em deslizamentos”, diz Henrique.
Sistema lira modulável. Essa técnica permite dobrar a produção da espaldeira (que consiste em conduzir as videiras verticalmente, em fileiras paralelas), mantendo maior qualidade, sustentabilidade econômica e ambiental. O sistema é aplicado em terrenos mais adequados, respeitando o relevo e otimizando o espaço.
Irrigação. Atualmente, um terço da área de vinhedos do estado conta com algum sistema de irrigação, essencial para garantir a produtividade em períodos de estiagem. “A videira precisa de um bom volume de água na fase inicial. O ideal é que a irrigação seja instalada já na implantação do vinhedo, especialmente em áreas mais vulneráveis, como solos rasos, arenosos ou pedregosos”, explica Todeschini.
Sistemas antigranizo. Tecnologia inovadora, já adotada em 15 municípios de Santa Catarina, utiliza iodeto de prata para reduzir ou eliminar pedras de granizo antes que atinjam as plantações. A queima do iodeto é feita por geradores, acionados com base em monitoramento meteorológico.
Adaptação para o futuro
O cenário climático segue desafiador, mas as inovações e práticas adotadas sinalizam um caminho promissor para a vitivinicultura gaúcha. Enóloga e sócia proprietária da Casa Zottis Vinhos e Uvas, localizada no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, Daniela Chesini Zottis diz que utiliza várias tecnologias na produção de uvas, incluindo irrigação, plasticultura, variedades BRS (cultivares produtoras de grãos desenvolvidas pela Embrapa) e cobertura vegetal do solo.
“As necessidades surgiram devido a estiagens passadas e à enchente. Com as soluções implementadas, conseguimos manter a produtividade sem perda de nutrientes ou erosão. Não tivemos fendas no solo nem doenças, mesmo com o excesso de chuva”, diz.
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