No supermercado, alimentos puxam a fila dos itens que mais sobem de preço (Foto: Agência Brasil)
Os três grupos respondem por 57,3% de todos os gastos das famílias, quando se considera o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, que é referência para o sistema de metas de inflação do governo.
Eles são maiores que os gastos com educação, saúde, comunicação e despesas pessoais. Mas com a alta de preços nos supermercados, a alimentação vem tirando espaço da habitação e dos transportes nas despesas dos lares brasileiros. E é o maior gasto das famílias, considerando a média do país para basear a formação do IPCA. A comida já representa 21,7% no IPCA, contra 15% da habitação e 20,6% dos transportes.
Mesmo com a alta 3,95% do transporte público em janeiro, houve reajuste em Belo Horizonte, Florianópolis, Natal, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, o grupo transportes está pesando menos que a alimentação. Em 2020, era o inverso. Os transportes pesavam mais.
No ano passado, quando a alimentação no domicílio subiu 8,23%, houve uma “tempestade perfeita” para impulsionar a subida do preço dos alimentos. Além do câmbio que encarece os produtos importados e diminui a oferta dos que são exportados por ficarem mais competitivos no mercado externo, houve os fenômenos climáticos El Nino e La Nina, provocando seca e a chuva, o que acabou com a safra de café que deve continuar em alta este ano.
Desde 2020, apenas em 2021 e 2023, a alimentação subiu menos que a inflação média. Só em 2020, a comida aumentou 18,15%. Nas faixas de renda mais baixas, a comida chega a 29% de toda o ganho mensal das famílias.
Entre os que ganham menos, o peso da alimentação no orçamento é maior ainda. Quando se olha o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a variação de preços das despesas das famílias que ganham até cinco salários mínimos, essa fatia chega a 24,73% no grupo alimentos e bebidas, enquanto as despesas com transporte representam 19,4%.
Esses gastos com transporte pouco se mexeram desde 2020, mas a comida passou de 22% para 24,7%. “Para os mais pobres, alimento, energia elétrica e ônibus urbano representam 70% dos gastos. Entre os mais ricos, é plano de saúde, educação e gasolina. É uma inflação mais focada nos serviços”, explica a economista Maria Andreia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que calcula a inflação por faixa de renda.
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