O CEO da Tesla e proprietário do X, Elon Musk, comparece a um comício de Trump em Butler, Pensilvânia, EUA, 5 de outubro de 2024 - Foto: Brian Snyder / Reuters

O homem mais rico do mundo está mais pobre. Fevereiro mal começou, e Elon Musk já viu cerca de US$ 42 bilhões, ou R$ 242,6 bilhões, evaporarem de sua carteira. Com essa perda, a fortuna do também chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos caiu para US$ 378,8 bilhões, segundo a lista em tempo real dos maiores bilionários do mundo, feita pela revista Forbes. Musk tinha US$ 421,6 bilhões até o final de janeiro.

Mesmo com a perda de fevereiro, Musk continua sendo o homem mais rico do planeta. Ele tem cerca de US$ 130 bilhões a mais que o presidente da Meta, Mark Zuckerberg, o segundo na lista.

Os 10 mais ricos do mundo

  1. Elon Musk – US$ 378.8 bilhões – Tesla, SpaceX, EUA

  2. Mark Zuckerberg – US$ 248,4 bilhões – Facebook, EUA

  3. Jeff Bezos – US$ 245,7 bilhões – Amazon, EUA

  4. Larry Ellison – US$ 218 bilhões – Oracle, EUA

  5. Bernard Arnault & family – US$ 181,2 bilhões – LVMH, França

  6. Larry Page – US$ 153,2 bilhões – Google, EUA

  7. Warren Buffett – US$ 147,6 bilhões – Berkshire Hathaway, EUA

  8. Sergey Brin – US$ 146,3 bilhões – Google, EUA

  9. Amancio Ortega – US$ 123,9 bilhões – Zara, Espanha

  10. Steve Ballmer – US$ 122,1 – Microsoft, EUA

Fonte: Forbes, The Real-Time Billionaires List (12/02/2025)

Elon Musk foi cofundador de sete empresas, incluindo a fabricante de carros elétricos Tesla, a produtora de foguetes SpaceX e a startup de inteligência artificial xAI. Ele tem 12% da Tesla (TSLA34), excluindo opções, mas comprometeu mais da metade de suas ações como garantia para empréstimos pessoais de até US$ 3,5 bilhões.

Em 2022, ele fez vários financiamentos para comprar a rede social Twitter por US$ 44 bilhões. Estima-se que a empresa, que ele renomeou como X, vale quase 70% menos agora.

O problema é a Tesla

Mas não é exatamente por isso que ele está mais pobre. O problema é a Tesla. Dentre todas suas empresas, essa é a maior, com valor de mercado estimado em US$ 1,03 trilhão. A SpaceX vale US$ 350 bilhões e Musk tem 42% da companhia. O bilionário também tem 54% da xAI, avaliada em US$ 50 bilhões.

Quando as ações da Tesla caem, a fortuna de Musk encolhe. E foi isso o que aconteceu. A montadora de carros elétricos teve perdas acentuadas este mês. Além disso, a atuação de Musk na administração do presidente Donald Trump não vem agradando os investidores da companhia.

As vendas de veículos da Tesla despencaram na Europa em janeiro de 2025 após suposto gesto do dono da montadora. Musk, durante a posse de Trump no último dia 20, fez um movimento considerado nazista. A maior redução foi na França. A venda de 1.141 unidades representou uma queda de 63%, de acordo com o Ministério da Transição Ecológica e da Coesão Territorial francês. Na Alemanha, as vendas caíram 59% em janeiro, enquanto as vendas de veículos elétricos como um todo subiram 54%.

Veículo da Tesla coberto de gelo, estacionado ao lado de estação de recarga, em Chicago (EUA) – Foto: Kevin Dietsch / Getty Images via AFP

Acompanhando esse movimento, as ações da Tesla na Nasdaq, a Bolsa eletrônica dos EUA, já têm queda de 6,34% no ano. Somente na última terça-feira (11), os papéis desvalorizaram 6,3% para US$ 328,50, o menor preço desde 15 de novembro.

A queda no preço dos ativos se intensificou depois do dia 29 de janeiro, quando a companhia divulgou seu balanço. No quarto trimestre de 2024, a Tesla teve lucro líquido de US$ 2,32 bilhões, 71% a menos que em relação ao menos que em outubro, novembro e dezembro de 2023. O resultado frustrou o mercado, que esperava US$ 2,62 bilhões em lucro líquido.

Parte dessa queda é explicada pelo avanço das montadoras chinesas de carros elétricos. Um dia antes da queda do dia 11, a chinesa BYD havia anunciado que quer integrar a Inteligência Artificial Deepseek ao software dos seus carros.

Os Teslas são bem mais caros que os chineses. Nenhum modelo da Tesla nos EUA custa menos que US$ 30 mil. O modelo mais barato da chinesa BYD nos EUA custa US$ 12 mil. Mesmo que haja uma tarifa de importação de 100%, a BYD ainda teria o veículo elétrico mais barato, por menos de US$ 25 mil.

Por isso, a Tesla adotou uma estratégia de financiamento barato para aumentar a demanda. Contudo, com as altas taxas de juros americanas, a operação fez o lucro operacional da Tesla cair 23% no quarto trimestre em relação a um ano antes, enquanto as despesas subiram 9%. “Teve uma política de descontos também que acabaram fazendo a receita da empresa cair 8%”, diz William Castro Alves, economista e sócio da corretora digital Avenue.

Para os investidores, Musk parece não estar preocupado. E ele continua querendo gastar dinheiro. O bilionário fez uma oferta de US$ 97.4 bilhões na segunda (10) para comprar parte da OpenAI, de Sam Altman, que disse que não quer vender nada. Musk e Altman cofundaram a OpenAI in 2015 mas depois romperam a sociedade. “A visão que fica no mercado é de que ele não tem tempo para tocar a Tesla. Fica arrumando briga o dia inteiro, são muitas distrações, além do papel dele no governo agora”, afirma Alves.

Como fica daqui para frente?

Com a tarifa de importação de 25% para todos os fornecedores de aço dos Estados Unidos, esperam-se mais custos para a Tesla. “Além disso, essa briga toda do governo dos EUA com a China não é boa para a montadora, já que o mercado chinês é muito importante para o crescimento da companhia”, diz Alves.

*Com informações de Uol