Ambientalistas pedem proteção de área de berçário de Tartarugas da Amazônia (Imagem: Reprodução / Fantástico)

O Fantástico deste domingo (12) foi até o Vale do Guaporé, na fronteira entre Brasil e Bolívia, onde fica o maior berçário de tartarugas de água doce do mundo, que está ameaçado pelas mudanças climáticas.

É ali que acontece, todos os anos, o ciclo reprodutivo dessas espécies: da desova até o nascimento dos filhotes. Por isso, para proteger os animais em um momento tão delicado, ambientalistas defendem a criação de uma unidade de conservação.

A difícil jornada até o berçário

O Vale do Guaporé, a cerca de 800 quilômetros de Porto Velho (RO), é uma área de difícil acesso. A região faz fronteira com a Bolívia. No país vizinho, dá para ver a floresta amazônica quase que intacta. Já no Brasil, a área é cercada por dezenas de fazendas.

No período de seca, as tartarugas-da-amazônia migram para as praias de areias grossas, onde realizam a desova. O último ciclo começou quase dois meses mais tarde. O atraso pode ter sido causado pelas mudanças climáticas e pelas queimadas, como aponta o coordenador do PQA no estado do Pará, Roberto Lacava: “Além da questão da seca histórica na Amazônia, a gente também teve um ano com muito incêndio florestal, muita fumaça”, explica.

Impacto das mudanças climáticas

Dois meses depois de colocar os ovos, nascem os filhotes. Mas este ano a cheia do rio Guaporé veio mais cedo, e apenas 30% das tartarugas sobreviveram.

“Em 2023 a gente contou 1, 4 milhões de filhotes. Em 2024, a gente contou somente 377 mil filhotes no Guaporé. Normalmente, os anos de pouca eclosão estão relacionados com a rápida subida do rio, onde ocorre o alagamento dos ninhos. O que a gente observa é que nos últimos anos isso vem ocorrendo com mais frequência, e isso preocupa a gente. A gente acredita que esteja relacionado com mudanças climáticas”, explica Lacava.

A luta pela criação de uma unidade de conservação

Segundo ambientalistas, 60% da população mundial das tartarugas-da-amazônia estão no Brasil. Eles dizem que, pra proteger a espécie, é importante criar uma unidade de conservação no lado brasileiro.

“É importante a gente lembrar também a problemática que existe aqui, porque de lá, na Bolívia, ali existem leis que garantem essa preservação. Do lado do Brasil, a gente não tem áreas de proteção”, explica Camila Ferrara.

O ICMBio disse, em nota, que não existe uma proposta de criação de uma unidade de conservação exclusivamente para a proteção das tartarugas na Amazônia.

“A nossa intenção seria criar uma unidade de conservação, seria a menor do Brasil. Essa área não é para prejudicar ninguém no rio, é simplesmente para a proteção desses animais, principalmente nesse período reprodutivo, que vai desde a migração delas até o nascimento dos filhotes, que é o período mais sensível, onde elas estão mais vulneráveis. Então a gente tem que continuar protegendo e lutando pela conservação”, defende Ferrara.

Com informações do Fantástico