O impeachment foi aprovado por 204 votos a favor e 85 contra — era necessário o aval de dois terços da Assembleia Nacional, ou 200 dos 300 assentos. Três congressistas se abstiveram e outros oito votaram nulo.
Logo após o anúncio, Yoon veio a público afirmar que “não vai desistir”. “Estou frustrado que todos os esforços até agora serão em vão”, disse ele em declarações feitas à imprensa coreana. “Vou parar por enquanto, mas a jornada que trilhei com o povo nesses dois anos e meio em direção ao futuro não pode ser impedida. Não desistirei.”
No último dia 7, a votação de impeachment tinha falhado depois de um boicote do governista PPP (Partido do Poder do Povo). Neste sábado, como já havia indicado o presidente da sigla à imprensa, o partido não inviabilizou o movimento da oposição —pelo menos 12 deputados votaram para remover Yoon.
O presidente do PPP, Han Dong-hoon, disse que não vai renunciar do cargo e que a sigla respeitará o resultado da votação. Se houver novas eleições, é provável que o partido governista sofra um revés importante nas urnas, dada a forte reação à tentativa de autogolpe de Yoon.
Com o impeachment, o primeiro-ministro Han Duck-soo assume as funções presidenciais, conforme determina a Constituição sul-coreana. Caso a Corte Constitucional chancele a decisão do Legislativo, o que é provável, novas eleições para o cargo de chefe do Executivo precisam ser realizadas em até 60 dias. O órgão tem até seis meses para tomar uma decisão.
Han disse neste sábado que vai trabalhar para dar segurança ao povo da Coreia do Sul. “Farei todos os esforços e darei toda a minha força para estabilizar o governo”, afirmou à imprensa. Já o ministro da Defesa interino, Kim Seon-ho, pediu que oficiais militares mantivessem as Forças Armadas em alerta para evitar que a Coreia do Norte se aproveite da situação caótica do vizinho.
Manifestantes a favor do impeachment que enfrentaram temperaturas abaixo de zero do inverno sul-coreano para acompanhar a votação do lado de fora da Assembleia Nacional pularam e gritaram de alegria ao ouvir a notícia. O presidente do Partido Democrático, a principal sigla da oposição, disse a apoiadores neste sábado que “vocês, o povo, fizeram isso. Vocês estão escrevendo uma nova história”.
Yoon se torna o segundo presidente a sofrer um impeachment na Coreia do Sul nos últimos anos. Em 2017, a então chefe do Executivo Park Geun-hye foi removida do cargo por consequência de uma investigação de corrupção contra ela conduzida pelo próprio Yoon, à época promotor de Justiça.
Investigado pela polícia por insurreição e alvo de protestos por sua renúncia, a permanência de Yoon no cargo se tornou praticamente insustentável na quarta-feira (11), quando fez um discurso televisionado no qual subiu o tom contra a oposição.
A posição do presidente causou surpresa e indignação até entre aliados, pois no sábado anterior (7), horas antes da primeira votação de impeachment, ele pediu desculpas à nação e afirmou que havia sido movido pelo desespero ao recorrer à lei marcial, que restringe direitos políticos.
No segundo pronunciamento, em uma tentativa de justificar a declaração da lei, o presidente afirmou que “grupos criminosos” que paralisam o trabalho do Estado e desafiam o Estado de Direito devem ser combatidos e impedidos de chegar ao poder “a qualquer preço”.
A investigação contra ele levou a polícia sul-coreana a tentar fazer uma operação de busca no gabinete presidencial na quarta (11), mas os agentes foram impedidos pela equipe de segurança de Yoon. Além disso, o ex-ministro da Defesa Kim Yong-hyun está preso desde o dia 8, na última terça (10), ele tentou cometer suicídio na prisão.
Ex-promotor de Justiça que se tornou estrela no país, Yoon Suk Yeol foi eleito em 2022 com uma plataforma conservadora no pleito mais apertado da história coreana. A vantagem em relação ao segundo colocado foi de apenas 0,73 ponto percentual.
As seringueiras da Amazônia voltaram a mobilizar a sociobioeconomia, garantindo renda e mudando a realidade de centenas de famílias que atuam na cadeia produtiva...