O festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza recebeu R$ 15 milhões da Itaipu Binacional, uma das patrocinadoras do evento, que ocorre entre os dias 14 e 16 de novembro no Rio de Janeiro. O montante também foi destinado para a reunião da Cúpula do G-20 e outros eventos paralelos. Os demais patrocinadores não responderam ou se recusaram a informar o valor destinado à realização.
O evento foi apelidado de ‘Janjapalooza’ devido ao envolvimento na organização da primeira-dama Rosangela da Silva, a Janja. De acordo com o Estadão, ela atuou na estatal entre 2005 e 2020, onde foi assistente do então diretor-geral Jorge Samek.
Atrações de renome são esperadas no Festival, que ocorrerá na praça Mauá, perto do Museu do Amanhã, e terá entrada gratuita. Entre os 29 artistas confirmados estão Alceu Valença, Zeca Pagodinho e Ney Matogrosso. Eles receberão um cachê simbólico de R$ 30 mil.
A celebração foi planejada para acontecer nos mesmos dias do G-20 Social, um encontro de representantes da sociedade civil. Em nota, a Itaipu Binacional disse que o evento tem “importância estratégica” e que “reafirma o compromisso com o desenvolvimento sustentável e social”.
“A Itaipu Binacional patrocinou a Cúpula Social, o Festival Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, e outros eventos de encerramento do G-20, considerando a importância estratégica de participar de uma ação de escala global que aborda temas como o combate à fome, a pobreza e a crise climática, pontos de grande relevância na agenda internacional do Brasil sob a presidência atual do G-20”, declarou.
Segundo a estatal, a presença do diretor em mesas de debates com ministros e a primeira-dama, bem como a participação em eventos com chefes de Estado “reforça o posicionamento da empresa no debate sobre sustentabilidade e práticas ESG”.
Além da Itaipu, também deram aporte ao evento o Banco do Brasil, a Caixa, a Petrobras, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e o BNDES. As três primeiras não responderam até o momento ao questionamento da reportagem sobre a quantia de aporte enviada.
Já o BNDES se recusou a informar os valores, e limitou-se a dizer que que as “eventuais demandas de imprensa deverão ser encaminhadas ao Ministério da Cultura”, contrariando a própria prática do banco, que divulga valores em seu site.
Ao ser questionado, o Ministério da Cultura declarou em nota que “o valor investido no festival será divulgado posteriormente”. Já a Serpro afirmou que não patrocina o ‘Janjapalooza’ com dinheiro, e que tem desempenhado um “papel consultivo em relação à infraestrutura de conectividade” do evento.
“O Serpro é um parceiro do Itamaraty e do governo federal para a realização do G-20 no Brasil. Para essa iniciativa específica, o Serpro participou com um papel consultivo em relação à infraestrutura de conectividade para o Aliança Global. Não houve investimento de patrocínio no evento”, declarou em nota.
Conforme a Cultura, o Festival foi organizado em parceria com a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), um organismo multilateral. Além das estatais, o evento tem como “parceiros” a Prefeitura do Rio de Janeiro, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A Secretaria-Geral da Presidência da República também está envolvida na organização.
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