Até hoje, o mais difícil em uma missão espacial sempre foi realizar um lançamento bem-sucedido. Em contraste, para o Starship, desenvolvido pela empresa SpaceX, essa é a etapa mais fácil e elementar. É o que se depreende de cálculos feitos pela Nasa para que o foguete mais poderoso do mundo possa levar astronautas à superfície da Lua na segunda metade desta década.
De acordo com Lakiesha Hawkins, do escritório do programa lunar e marciano da agência espacial americana, realizar uma única missão lunar com o Starship exigirá 18 ou 19 lançamentos em rápida sucessão –muito mais do que o estimado originalmente por Elon Musk na época em que o projeto foi apresentado. A informação foi dada na sexta-feira (17) durante uma reunião do conselho consultivo da Nasa.
Esse enorme desafio é o preço de desenvolver um sistema totalmente reutilizável de alta capacidade para voos interplanetários. Para que a espaçonave em si (o segundo estágio do veículo) possa ir até a Lua, pousar lá levando mais de cem toneladas, decolar novamente e retornar à Terra, será preciso reabastecê-la em órbita. Trata-se de algo que nunca foi feito antes no espaço com um foguete. E terá de ser repetido muitas vezes.
O Starship usa como propelentes metano e oxigênio líquidos, que só são mantidos assim em temperaturas baixíssimas. Preservá-los no espaço é complicado; a luz solar aquece os tanques do veículo e faz com que parte do combustível acabe evaporando e vazando lentamente no vácuo. Isso sem falar que a maior parte dele acaba sendo usada para realizar a desafiadora escalada até a órbita terrestre.
Para superar isso, o plano para a Artemis 3, primeira missão de pouso lunar tripulado da Nasa neste século, envolve lançar um veículo-tanque à órbita, seguido por várias versões tanque do Starship, que se acoplarão a ele e farão a transferência do propelente. Depois subirá ao espaço o Starship destinado à viagem lunar, que se acoplará ao veículo-tanque para ser reabastecido antes de deixar a órbita terrestre.
Uma grande interrogação, desde que o Starship foi selecionado pela Nasa para a missão, em 2021, sempre foi quantos lançamentos exatamente seriam requeridos para esse processo de abastecimento em órbita. Musk então chegou a declarar que não mais que oito, e talvez, na melhor das hipóteses, somente quatro. Críticos da opção da Nasa na ocasião falavam em 16, o que o projetista-chefe da SpaceX classificou como “extremamente improvável”. Mas, pelo visto, será por aí mesmo.
Ainda que a tecnologia de reabastecimento em órbita seja desenvolvida a contento, o alto número de lançamentos traz, por si só, um desafio logístico. Hawkins mencionou que será preciso fazer os voos em curto intervalo de tempo, alternando lançamentos da base da SpaceX em Boca Chica, no Texas, e do Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
Isso mostra como será difícil executar a missão Artemis 3 no prazo esperado pela Nasa. Ela no momento segue marcada, de forma irrealista, para o fim de 2025. Mas a SpaceX ainda terá muito a provar, em tempo exíguo, antes que astronautas americanos voltem a deixar suas pegadas no solo lunar.
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