Em evento de posse da nova direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na tarde de hoje, em São Bernardo, o presidente Lula (PT) lembrou a apoiadores que derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não o bolsonarismo.
Para Lula, o efeito social do governo anterior ainda é sentido atualmente, com “malucos na rua ofendendo pessoas” e este seria um dos empecilhos, segundo o presidente, para que se viva uma realidade mais “civilizada” no Brasil.
Compromisso com trabalhador. Lula disse que representa o povo e não o empresariado. “O meu compromisso não é com os banqueiros, não é com os empresários. Eles sabem que o meu compromisso é com o povo trabalhador deste país”, afirmou.
O presidente também associou o clima exaltado de extremistas com à suposta agressão ao filho do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em Roma. “Um canalha não só ofendeu ele como bateu no filho dele”, disse.
A fala de Lula se refere a Roberto Mantovani, investigado pela PF (Polícia Federal) no caso. Segundo o presidente, Mantovani trabalhava para uma empresa alemã e, após o episódio de agressão contra o filho de Moraes, ele teria entregado o nome do empresário ao consulado alemão. “Eu entreguei ele. […] Foi expulso do partido ontem pelo Kassab”, disse em referência ao PSD.
Picanha e cerveja. Ao criticar a fome de 735 milhões de pessoas no mundo e de 33 milhões de brasileiros, Lula disse que o preço da carne está baixando. “Tem muita gente que não sabe o carinho que o povo tem com a picanha. Mas a picanhazinha no final de semana com a família e uma cervejinha gelada é tudo”, brincou.
Lula se cala sobre reformas trabalhistas. Mesmo a uma plateia de metalúrgicos, Lula não mencionou antigas promessas, como a revisão da reforma trabalhista, defendida em discurso por Moisés Selerges, presidente eleito do sindicato. Lula preferiu listar realizações recentes, como a equiparação salarial entre gêneros na mesma função e o reajuste do salário mínimo acima da inflação.
Gleisi alfineta presidente do Banco Central. Presente no evento, coube à presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffman (PT-PR), cutucar o presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao dizer que a categoria metalúrgica também “luta contra os juros altos, contra esse presidente do Banco Central colocado pelo Bolsonaro para sabotar o Brasil”.
Mais cedo, o presidente esteve no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para uma avaliação médica. Ele fez “apenas uma pequena infiltração pelo incômodo no quadril”, informou a assessoria de imprensa.
O presidente deve retornar a Brasília no fim da tarde deste domingo, às 18h.
“Vocês têm que estar preparados, porque nós derrotamos o Bolsonaro, mas não derrotamos os bolsonaristas ainda. Os malucos estão na rua ofendendo as pessoas, xingando as pessoas. Nós vamos dizer pra eles que nós queremos fazer com que esse pais volte a ser civilizado.” afirmou o presidente Lula.
Relação antiga com lideranças sindicais
Lula foi uma das principais lideranças sindicais no país durante a greve dos metalúrgicos na década de 1970.
Em 1975, ele foi eleito presidente do sindicato da categoria e reforçou a projeção de sua imagem nacionalmente.
Lula celebrou hoje a renovação da presidência da entidade sindical, agora a cargo de Moisés Selerges, funcionário da Mercedes-Benz. Ele é o 14º presidente dos Metalúrgicos do ABC.