Cúpula do canal hesita em agir apesar da convicção de que a parceria do jornalista com Patrícia Poeta se tornou insustentável
As redes sociais e a internet repercutiram mais um episódio de desarmonia entre Patrícia Poeta e Manoel Soares.
Ele ofereceu um microfone, a apresentadora agradeceu, disse que o entrevistado já estava microfonado e atravessou o estúdio para entregar o equipamento a um produtor, ignorando o braço esticado do colega para pegá-lo de volta.
O gesto foi visto como descortesia proposital. Por que Poeta não segurou o microfone ou então devolveu ao próprio Manoel?
Por qual razão não evitou mais um episódio ambíguo que alimenta a interminável onda de boatos sobre rixa entre eles?
Mais uma vez, o julgamento pela imagem exibida ao vivo colocou Patrícia no papel de vilã e Manoel como vítima. Maniqueísmo típico do tribunal da internet.
Os rumores de que os dois se detestam circulam há meses. Oficialmente, a Globo finge normalidade. Enquanto isso, o ‘Encontro’ se resume a isso: a repercussão dos supostos confrontos entre seus apresentadores diante das câmeras.
O Sala de TV conversou com profissionais do canal no Rio e em São Paulo. Por motivo óbvio, pediram anonimato. Todos concordam que a direção da emissora considera inevitável Manoel sair do programa, porém, teme as consequências.
A ordem para tirá-lo do ‘Encontro’ seria vista como a vitória da apresentadora branca contra o apresentador negro. Reforçaria as acusações vistas na web de privilégio branco e opressão por racismo.
E o ônus ficaria com o novo diretor-geral da Globo, Amauri Soares, ex-marido de Poeta. Ou seja, o início de sua gestão passaria a ser lembrado por uma controvérsia associada a laços familiares.
O desligamento do jornalista afetaria a relação da cúpula do canal com grupos internos que trabalham pela ampliação da diversidade racial na empresa. Há comprometimento com essa pauta.
Em texto em seu site, o Grupo Globo afirma atuar para promover “diversidade e inclusão” em seus conteúdos e nas equipes. Entre os quatro grupos prioritários está o de “pessoas negras”.
“Temos o compromisso com a garantia de um ambiente de trabalho mais representativo e inclusivo, no qual todos os nossos colaboradores possam ser quem são”, diz o comunicado.
Além de arranhar a imagem da Globo, o ruído da saída de Manoel Soares do ‘Encontro’ pode desagradar aos anunciantes. Todas as grandes marcas estão atentas às sensibilidades de grupos sub-representados e minorias. Não querem ser vinculadas, por exemplo, a uma polêmica racial.
O desfecho menos traumático seria fazer o público, a imprensa e o mercado publicitário acreditarem que o apresentador recebeu uma ‘promoção’: passaria com status de titular a outro programa. Mas qual? Não há vaga nas produções atuais nem projeto de nova atração.
A Globo cultivou um abacaxi gigantesco e agora não sabe como descascá-lo.
*Com informações de Terra