A pimenta dedo-de-moça, muito conhecida como tempero, também pode ser usada na produção de medicamentos. Já o urucum serve para dar cor a alimentos e tecidos. A pupunha auxilia na produção de farinha e palmito e o camupu potencial tanto para consumo direto como para confecção de geleias e molhos.
Essas são algumas das 160 espécies descritas no livro “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Norte”, lançado pelo Ministério do Meio Ambiente.
São quase 1,5 mil páginas que trazem uma mostra detalhada da biodiversidade amazônica. A ideia da publicação é trazer à tona informações sobre plantas nascidas no bioma com capacidade de uso econômico e sustentável nas cadeias de alimentos, fibras, óleos e até medicamentos.
“O livro oferece às pessoas a possibilidade de ir um pouco além daquilo que a gente conhece no nosso dia a dia. Testar, soltar a criatividade em diferentes pratos. É muito importante também para a diversificação do portifólio dos produtos agrícolas. Temos diferentes comunidades produzindo diferentes produtos e isso pode dar subsídio à criação de políticas públicas para produção, para o manejo integrado, para uso sustentável dessas espécies”, explicou a engenheira agrônoma Julceia Camillo, editora técnica do livro.
Ainda segundo Julceia, a publicação também serve de guia para pesquisadores e auxilia na construção de melhores técnicas de cultivo e manejo sustentável para o alcance de cadeias produtivas de sucesso.
“Há muitas lacunas, principalmente na pesquisa científica. É olhar para os grupos de pesquisa e perceber que precisamos de tecnologia de produção, de processamento. Se temos alguma comunidade que cultiva, vai poder melhorar o cultivo. Utilizar as técnicas que já são utilizadas na montagem da cadeia produtiva”, complementou a engenheira agrônoma
A edição dedicada à Região Norte compõe a série Biodiversidade do Brasil do Ministério do Meio Ambiente, iniciada em 2004. Cerca de 150 pesquisadores do país e do exterior ajudaram na elaboração do livro, que levou seis anos para ficar pronto. Volumes das regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste já foram publicados. Ainda falta sobre o Sudeste, que deve ser lançado em 2023.
“Convidamos pesquisadores das diferentes frentes de pesquisa envolvidos na matéria, professores de universidades, organizações não governamentais, pessoal da área empresarial, ou seja, do país e também do exterior que conheçam a Amazônia, que tenham informações sobre as espécies amazônicas”, reforçou Lídio Coradin, editor técnico da publicação e consultor do ministério.
O guia sobre as espécies nativas da Amazônia está disponível na versão online para todos os públicos no site do Ministério do Meio Ambiente. A versão impressa terá 100 tiragens limitadas a universidades e institutos de pesquisa. Dougllas Rezende, secretário adjunto de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, destacou que a publicação serve como uma mão a mais na preservação ambiental.
“O potencial econômico que isso traz e o potencial de conservação ambiental é excepcional. É um desafio muito grande a gente conseguir conciliar todas essas relações que nos permitam utilizar essa biodiversidade de maneira positiva, de maneira sustentável e de maneira a contribuir com a permanência da floresta de pé”, disse.
”A melhor forma de preservar é você conhecer. Não há forma de você valorizar o que você não conhece. Então, a medida em que nós chamamos atenção da sociedade, da população sobre o valor das espécies que estão na Amazônia, sobre o valor potencial e atual de centenas de espécies que estão disponíveis para uso, apenas não foram domesticadas, é o caminho para você conservar”, declarou o editor técnico Lídio Coradin.
Com informações do G1-Rondônia