Imagem: Reprodução/Tripadvisor

Uma semana após a ação proposta pelo governo federal no STF (Supremo Tribunal Federal), o trade turístico pernambucano está unânime em rechaçar a ideia de tirar o arquipélago de Fernando de Noronha da gestão estadual.
Apesar de cobrar ações do governo local para melhorar a ilha, o setor acredita que tirar Noronha de Pernambuco seria um baque para o turismo local, que tem o arquipélago como um dos principais destinos.

A percepção do repúdio à ideia chegou, inclusive, aquele que seria o “pai da ideia”, o ex-ministro do Turismo e candidato ao Senado por Pernambuco, Gilson Machado (PL).

Ele vem sendo um dos defensores da ampliação do turismo no local, em detrimento às leis ambientais locais, mas fez um vídeo de recuo da ação, desdizendo inclusive os termos da ação —negando agora o interesse em federalizar Noronha (como pede o governo no STF).

Trade reprova federalizar

Segundo apurou a coluna, não há apoio de nenhum setor do turismo de Pernambuco à ideia de federalizar Noronha.

“De jeito nenhum! Sou pernambucano, temos que brigar para que não aconteça, ninguém quer tirar. Ninguém admite que saia do estado de Pernambuco. É uma pedra preciosa demais pra gente”, diz Marcelo Waked, presidente da Abav-PE (Associação Brasileira de Agências de Viagem) e integrante dos Conselho de Turismo de Pernambuco e Câmara Setorial do Turismo.

Segundo ele, desde que a ação foi proposta pelo governo federal, o setor tem debatido a ideia e garante que não viu, até aqui, ninguém apoiar a proposta. “Passamos mais de uma semana debatendo isso, e todo mundo falou que não quer. É unânime. Se acontecer, foi uma falha muito grande do governo do estado”, completa.

Ao mesmo tempo, Marcelo admite que a gestão pernambucana da ilha pode melhorar. “As pessoas precisam saber o que está se fazendo na ilha. Acho que essa ação vem também para cobrar transparência”, afirma.

“Existe um apelo que tenho dito há algum tempo, citando algumas ações que o governo poderia fazer na ilha e não fez. O governo recebeu a ilha na condição de melhorá-la, e a gente viu que não teve nenhuma melhoria. Lá não tem hospital, só tem um posto de saúde apenas”, afirma Marcelo Waked.

O governo de Pernambuco, em nota divulgada após a divulgação da ação no STF, se defendeu, alegando ter feitos investimentos no arquipélago. “Somente nos últimos dois anos foram R$ 20 milhões na construção de casas, recuperação de estradas vicinais, implantação de iluminação de LED e readequação completa do porto”, diz.

Preços altos

Um dos pontos sempre destacados pelo setor é o preço para se visitar Noronha. No caso, tudo é caro para visitar o arquipélago: da passagem aérea à hospedagem, passando pelas taxas cobradas aos turistas.

“Hoje um pacote para lá em alta temporada custa no mínimo R$ 3.000 em uma pousada simples, fora as taxas. Realmente queríamos uma ilha mais acessível. Não estou dizendo para encher de pousadas, mas que tenha mais acesso, hoje só vão pessoas de classe alta”, lamenta.

As taxas cobradas para visitar Noronha são realmente altas, mas não são cobradas só pelo governo do estado —que cobra a taxa de conservação ambiental de R$ 87,71 por dia.

O ICMBIo (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) também cobra ingresso para entrada no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, no valor de R$ 165 para brasileiros e R$ 330 para estrangeiros. O tíquete dá direito de acesso por 10 dias ao parque, e a gestão do local é feita por uma empresa, a Econoronha.

Com informações do Uol