Khabane Lame tem a conta de TikTok mais popular do mundo, com 115,4 milhões de seguidores, quase o dobro da população de Itália.

Sob qualquer aspecto que se analise a trajetória do TikTok e sua controladora, e empresa ByteDance, trata-se de um sucesso retumbante. A jovem empresa, que transformou em fenômeno global o hábito de assistirmos a vídeos curtos, deve fechar o ano de 2021 com elevação de 60% em suas receitas, conforme relatório publicado esta semana pela empresa The Information.

O ritmo de crescimento no faturamento da ByteDance já foi maior. De 2019 para 2020, deu um salto de 100% e, nos últimos 12 meses, teve fôlego para expandir-se mais 60%. Ao final do ano, a receita da empresa antes de repasses a agências de publicidade, impostos e custos variados será de US$ 61,2 bilhões.

A maior parte dos ganhos ainda é gerada no mercado doméstico, onde o app de vídeos é chamado de Douyin, seguida pelo resultado internacional do TikTok e pelo agregador de notícias Toutiao, um caso de sucesso na China, ao reunir notícias produzidas por diferentes pessoas e empresas de mídia e remunerá-las de acordo com a audiência gerada.

O ritmo de crescimento nos ganhos da ByteDance é mais acelerado que o de seus competidores.

Esta semana, por exemplo, a Tencent, maior empresa de internet da China, reportou que suas receitas devem crescer 19% em 2021, na comparação com o ano anterior.

A taxa de expansão nas receitas da ByteDance é maior também que a de rivais diretos, como o Kuaishou, aplicação social que disputa o segmento de vídeos curtos. A projeção dos observadores do Kuaishou é que suas receitas cresçam 40% no período de 12 meses, um pouco abaixo da velocidade apresentada pelo rival.

O aspecto mais relevante nos resultados financeiros da ByteDance é que apesar dos números vigorosos a empresa ainda atue no negativo.

O esforço de expansão internacional e de marketing doméstico faz a empresa digital gastar ainda mais do que arrecada de forma “bruta”. A expectativa dos analistas é que a controladora do TikTok feche o ano com perdas na casa dos US$ 2,1 bilhões.

Um prejuízo modesto, se levarmos em conta que o aplicativo registra mais de 1 bilhão de usuários ativos todos os meses e seu potencial de receita é, portanto, muito mais valioso que baixas momentâneas.

Apesar de aproximar-se, em termos de volume de receitas e números de usuários, de um patamar mais do que adequado para abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) está claro que a ByteDance continuará se financiando, ao longo de 2022, por meio de investidores individuais ou acordos pontuais.

As recentes mudanças na regulação das companhias de tecnologia na China impõem regras muito duras sobre a gestão de dados dos usuários e normas de privacidade para qualquer empresa que queira abrir capital —mesmo que o faça na bolsa de Hong Kong, que legalmente é parte da China.

Em tempos nebulosos para empresas chinesas de tecnologia, a ordem é aguardar o horizonte clarear. O que só deve ocorrer em 2023.

 

*Com informações de Uol