Eleito presidente da Câmara há pouco mais de duas semanas, Arthur Lira (PP-AL) já vai enfrentar seu primeiro teste de fogo à frente do cargo. Ele precisará decidir – e rápido – como vai lidar com a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), ordenada por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, depois que o parlamentar gravou um vídeo com ataques e ameaças aos ministros da Corte. A tendência é que ele coloque nas mãos do plenário da Câmara a decisão sobre o que fazer com Silveira.
Com o deputado preso, as opções da Câmara não são nem um pouco confortáveis para tratar o problema. A primeira delas: a Casa aceita a prisão de Silveira pelos ataques inaceitáveis ao Supremo e envia o caso para o Conselho de Ética discutir a cassação do seu mandato.
A segunda: a Câmara não aceita a decisão de prisão, alegando que o deputado tem imunidade parlamentar para manifestar sua opinião, mesmo que fale apenas absurdas.
Qualquer escolha provocará gritaria e reclamações. Por isso, dividir a decisão com o plenário deve ser a saída para Lira, evitando chamar para si a responsabilidade para cuidar desse abacaxi político.
Em postagens nas redes sociais já de madrugada, Lira indicou que deverá consultar o plenário da Casa. E defendeu “serenidade” no tratamento da história.
“Como sempre disse e acredito, a Câmara não deve refletir a vontade ou a posição de um indivíduo, mas do coletivo de seus colegiados, de suas instâncias e de sua vontade soberana, o Plenário”, escreveu.
“Nesta hora de grande apreensão, quero tranquilizar a todos e reiterar que irei conduzir o atual episódio com serenidade e consciência de minhas responsabilidades para com a Instituição e a Democracia”, acrescentou.
“Para isso, irei me guiar pela única bússola legítima no regime democrático, a Constituição. E pelo único meio civilizado de exercício da Democracia, o diálogo e o respeito à opinião majoritária da Instituição que represento”, afirmou Lira. (Estadão Conteúdo)