A nova variante do coronavírus identificada em japoneses que estiveram no Amazonas tem origem no estado e é inédita, segundo pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazonas. As informações foram divulgadas pelo UOL. Em entrevista ao portal, o pesquisador da instituição Felipe Naveca afirmou que a variante, identificada como B.1.1.28, sofreu uma série de mutações na chamada proteína spike, responsável pela infecção do patógeno nas células humanas.
Ele destacou que ainda é cedo para afirmar que a mutação tem maior poder de transmissão e pediu para a população manter as medidas sanitárias e de distanciamento social para reduzir as infecções e, consequentemente, as mudanças no vírus:
“O vírus, seja ele o mutante ou o selvagem, ele não vai passar pela máscara, ele não vai resistir à lavagem das mãos com sabão ou álcool gel. Então, as medidas de distanciamento social e as medidas de utilização de EPI como a máscara e a lavagem da mãos continuam sendo extremamente eficazes. A gente precisa, nesse momento, diminuir a circulação do vírus porque isso vai nos ajudar a desacelerar esse processo de evolução do vírus, e a gente precisa demais da ajuda da população.”
Felipe Naveca também afirmou que já foram detectadas mais de 30 linhagens do coronavírus no Brasil. Ao menos 11 delas circulam no Amazonas. Ele destacou que o estado voltou a enfrentar um cenário catastrófico com o aumento de casos da doença:
“A gente está vivendo abril de novo. Abril do ano passado, que foi um coisa assustadora. A gente não conseguia nem dormir direito, virando algumas noites no laboratório para poder fazer diagnóstico. Minha equipe trabalha tanto no diagnóstico quanto no sequenciamento. Então, a gente está muito sobrecarregado. Nossos colegas médicos estão dando depoimentos muito emocionados porque eles estão numa luta ferrenha. Nós chegamos, de novo, num cenário catastrófico.”
O Amazonas passa por crescimento nos números de infectados e mortos pela covid-19. O governador do Estado, Wilson Lima (PSC), prorrogou na última quinta-feira, 7, por mais 180 dias, o estado de calamidade pública.
“Acredito que essas mutações possam ser parte da explicação para essa explosão de casos aqui no Amazonas”, disse Naveca.
“Mas nós sabíamos que o número de casos iria aumentar porque as pessoas não estavam fazendo distanciamento. Nos dias 26 e 27 de dezembro houve protesto porque o governador mandou fechar o comércio, houve as festas de fim de ano. E o sistema de saúde do Estado já estava fragilizado, é uma situação multifatorial, a meu ver.”