Número de brasileiros que realizam outros trabalhos além do formal cresceu na pandemia
Atualmente, ter um emprego no Brasil pode ser considerado um privilégio por muitos, já que o desemprego atinge 12 milhões de pessoas no país, mas estar no mercado de trabalho não é sinal de tranquilidade financeira. Para conseguir manter as contas em dia, 60% dos brasileiros empregados revelaram que fazem algum tipo de bico para complementar a renda, de acordo com pesquisa da BARE International.
A pesquisa ouviu mais de 1 mil brasileiros durante o fim do ano passado para entender os impactos da alta inflação no consumo e no dia a dia. Ao todo, 76% afirmaram que estão empregados, sendo que mais da metade (56%) não tiveram qualquer reajuste salarial.
A gerente da Bare no Brasil, Tânia Alves, afirma que nem mesmo as economias de gastos estão sendo suficientes.
“Em muitos aspectos, nesse período o brasileiro começou a poupar de itens essenciais, como alimentação e moradia, até aqueles menos importantes como entretenimento e serviços de estética. É, de certa forma, esperada essa necessidade de complementar a renda, já que os salários pouco mudaram e não acompanham a inflação”, explica.
A especialista em desenvolvimento humano e organizacional Adriana Schneider destaca que muitos segmentos ainda engatinham com as consequências da pandemia do novo coronavírus e, por isso, as condições prejudicaram os trabalhadores para um salário um pouco mais atrativo.
“Há segmentos que já sofriam antes da pandemia e após isso piorou. Alguns foram muito prejudicados, como o de serviços, principalmente eventos, bares e restaurantes. É difícil ter uma remuneração mais alta, o que deve levar muito tempo”, afirma ela.
Diante da questão socioeconômica, Adriana avalia que muitos que trabalham formalmente optam por esse segundo trabalho para ganhar renda extra. “Tem sido um caminho para complementar para além de um trabalho CLT, seja usando uma habilidade manual, como cozinhar, artesanato ou trabalhar como motorista de aplicativo”, destaca ela.
A especialista vê nas plataformas sociais uma saída para essas pessoas que buscam outra renda. “O caminho que eu vejo como possível está ligado nas redes sociais, abrindo um negócio vendendo produtos e serviços, assim como também sendo parceiro de indicações de plataformas, oferecendo serviços de agendamento para além da carteira assinada”, afirma Adriana.
Freelancers crescem
Paralelamente ao crescimento dos bicos entre pessoas empregadas, o número de trabalhadores que atuam apenas como freelancers também aumentou consideravelmente neste ano. Outro levantamento, feito pela Closeer, startup que conecta empresas e trabalhadores que procuram jobs, mostrou que 64% dos freelancers aderiram ao modelo em 2021, sendo que 50% deles têm os freelas como única fonte de renda.
Muitos atribuem este cenário à pandemia, mas Walter Vieira, CEO da Closeer, lembra que os vínculos mais flexíveis de trabalho já eram tendência antes da chegada do vírus.
“Essa modalidade não só permite maior liberdade, como também representa mais oportunidades e possibilidades de ganhos maiores aos trabalhadores. Ela já havia se tornado a principal fonte de renda de muitos brasileiros. Com a pandemia, de fato, acabou se tornando uma opção para muitos, mas a tendência é que os autônomos continuem crescendo, por isso incentivamos que todos façam o registro da MEI, garantindo sua segurança previdenciária. Somente em nossa base de profissionais cadastrados no app, o crescimento foi de 60% em 2021”, afirma.
Com informações do IG